Professores protestaram contra indiciamento pela Justiça Federal

O professores do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Juiz de Fora realizaram paralisação das atividades na sexta feira, 26/08 e na segunda 29/08 em protesto contra a acusação de Peculato Culposo, que o Ministério Público Federal move contra alguns docentes do instituto. O objetivo era voltar à normalidade apenas quando os professores obtivessem o apoio necessário para a sua defesa, o que foi conseguido com o apoio da APESJF, da Administração Superior e da Faculdade de Direito. O Consu reunido na quarta feira, 31/08, também prestou total solidariedade aos docentes.
Os professores, que haviam denunciado furtos no Instituto há dois anos, foram pegos de surpresa quando o MP os colocou na lista de indiciados e ainda propôs que, caso os docentes fizessem o ressarcimento do valor dos bens furtados, o inquérito poderia ser arquivado.
De acordo com o professor Rubens de Oliveira, Diretor do ICE, os docentes foram acusados por terem deixado a chave de um laboratório com alunos de mestrado, doutorado e bolsistas para o desenvolvimento normal de atividades acadêmicas. “O que o Ministério Público quer, ou seja, a presença em tempo
integral de um professor ou técnico durante os trabalhos inviabilizaria a pesquisa dentro da universidade. Trabalhamos para o crescimento da universidade, para buscar mais recursos, não para prejudicá-la”, afirmou. Outra acusação veio por causa de um docente que deixou a chave da Coordenação na Secretaria do ICE, fato normal, segundo Oliveira, e importante para a segurança do próprio prédio.
A APESJF disponibilizou sua assessoria jurídica e aprovou uma moção de apoio aos docentes, já divulgada no InformAPES On Line em 31/08.

Moção

Os docentes da UFJF e do IF Sudeste MG/JF, reunidos em assembléia, no dia 30/08, vêm a público manifestar total apoio aos professores do Instituto de Ciências Exatas da UFJF, que estão sendo atualmente indiciados pela Justiça Federal pelo crime de Peculato Culposo, em virtude de furtos que ocorreram há dois anos naquele Instituto.

Os indiciados são educadores responsáveis e envolvidos efetivamente nas atividades acadêmicas que, de vítimas no caso, foram transformados em réus, ao serem acusados de permitir que outros se apropriassem dos bens públicos furtados.


Como se não bastasse a imposição de uma carga excessiva de trabalho aos docentes, muitas vezes desenvolvida em condições de trabalho precárias, o caso em questão nos alerta para um fato grave: os docentes podem vir a ser culpabilizados por furtos que ocorrem em situações fora de seu controle, como ainda se tornarem responsáveis pela segurança do patrimônio das Instituições, algo que não é inerente às suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

O indiciamento é, ao ver dos docentes da UFJF e do IF Sudeste MG/JF, um abuso e um desrespeito aos professores, que lutam todos os dias pela excelência do ensino, da pesquisa e da extensão, zelando pela qualidade da formação de seus estudantes, da produção de conhecimento e da relação concreta da universidade com a sociedade.

Juiz de Fora 31 de agosto de 2011