A nova diretoria e novos membros do conselho de representantes tomam posse em cerimônia na sede da Apes

A nova diretoria da APES, biênio 2022/2024, tomou posse em assembleia realizada na noite de sexta-feira, 30 de setembro, na sede da APES. Juntamente com a diretoria, 20 conselheiros e conselheiras foram empossados em um encontro que reuniu docentes da base e representantes das entidades representativas, movimentos sociais, administrações superiores e das diretorias de unidade das instituições. Às vésperas das eleições no país e após 2 anos de interrupção dos eventos presenciais na sede da APES, o clima foi de reencontro e fôlego novo para as lutas que virão.

Cerimônia

O presidente da atual gestão, Augusto Cerqueira, abriu a cerimônia de posse e passou de imediato a palavra ao reitor da UFJF, professor Marcus David, que teve sua fala antecipada no cerimonial por motivo de trabalho. Marcus David ressaltou a presença forte, altiva e autônoma da Apes, na representação do professor Augusto Cerqueira, no Conselho Superior da Apes, em um contexto bastante duro relacionado à pandemia. O reitor enfatizou a importância da autonomia das entidades representativas para o desenvolvimento democrático das nossas instituições e chamou a atenção para o momento difícil que as IFES enfrentam por conta do cenário político e econômico adverso. “É tão grave o que está ocorrendo que mesmo a asfixia orçamentária a que nós estamos sujeitos acaba tendo uma dimensão menor frente à ameaça que a direção política do país hoje trás para nossas instituições. Ameaça à autonomia das nossas instituições, ao livre pensar. O que tem exigido de todos nós, cada um na sua arena de atuação, uma resistência muito firme. E é por isso que ter a APES viva, a APES se renovando, é fundamental nesse momento.”

Gestão 2021/22

Em seguida, a então diretora Zuleyce Pacheco apresentou uma síntese do relatório da gestão 2021/2022 do sindicato. Neste relato, a professora apresentou a conjuntura política e o cenário educacional a partir do qual a gestão trabalhou. Os conflitos internacionais, o aprofundamento da crise do capital com a pandemia, o trabalho remoto, os ataques à educação e a impossibilidade de realização de uma greve unificada dos servidores públicos federais foram os principais desafios encontrados. Por outro lado, Zuleyce apresentou a luta incessante e em conjunto com demais entidades e movimentos sociais, que resultaram em vitórias, como a não votação da Reforma Administrativa, o fortalecimento do Fórum dos Servidores Públicos Federais de Juiz de Fora e Região (Fosefe), as ações da Frente em Defesa da Educação de Juiz de Fora, a luta pela garantia de condições de trabalho adequadas ao retorno presencial, a presença constante da APES nas jornadas de lutas em Brasília e nos principais eventos do sindicato nacional e a retomada, neste momento, das reuniões, mobilizações e assembleias presenciais. “O sindicato tem o intenso desafio de buscar oxigenação e aproximação com a base, no intuito de ampliar a mobilização com a categoria para as lutas que teremos que travar. E hoje, a luta mais importante que estamos vivendo, que nos afeta, nos movimenta, é derrotar Bolsonaro”, destacou Zuleyce. 

Em seguida, o professor Custódio da Motta, membro da Comissão de Prestação de Contas da APES, leu o parecer do Conselho de Representantes, aprovando as contas apresentadas pela Diretoria e os dados apresentados pela Tesouraria e pela contabilidade. Nesse momento, o professor Augusto Cerqueira destacou o sufocamento financeiro que entidades representativas têm enfrentado, com ataques à contribuição sindical e a falta de reajuste salarial das categorias. 

O professor Augusto Cerqueira, em seguida, fez seu discurso de encerramento da atual gestão, da qual foi presidente. Em sua fala, Augusto destacou a importância da APES na construção do ANDES-SN e sua contribuição na história da organização da classe trabalhadora em Juiz de Fora, desafio colocado agora para a contribuição das lutas em outros locais, no contexto da multicampia. “Estar na diretoria da APES traz uma responsabilidade enorme em respeito a trajetória do sindicato, com companheiros e companheiras que a construíram, que fizeram lutas em plena ditadura militar, e que dedicaram seu tempo à categoria e à luta coletiva. E de representar uma categoria hoje muito mais fragmentada, afetada por décadas de neoliberalismo.” Para Augusto Cerqueira, “precisamos superar a fragmentação e, de forma conjunta, buscar a solução para este diagnóstico, para crescer e contribuir para alterar a correlação de forças a favor da classe trabalhadora.” Em relação à conjuntura, Augusto destacou a tarefa mais urgente: “derrotar Bolsonaro nas urnas e nas ruas”. Para as universidades e institutos federais, tal tarefa é uma questão de sobrevivência.  

Em seguida, Augusto leu o termo de posse e passou a palavra ao novo presidente da Apes, Leonardo Andrada, que passou a conduzir o cerimonial. 

Convidados

O reitor do IF Sudeste MG, André Diniz, destacou o papel autônomo e de equilíbrio de forças que o sindicato têm em relação à gestão das instituições. Como exemplo, André Diniz citou a Portaria 983, que desafia a atual administração superior e que conta com o auxílio do sindicato para encontrar uma solução mais adequada. “Estou aqui hoje reafirmando meu compromisso pessoal enquanto sindicalizado, reafirmando meu compromisso enquanto gestor do Instituto Federal, disposto a negociar e a chegar a um consenso ao que for melhor”, afirmou.

O representante do Sintufejuf, Flávio Sereno, falou sobre a importância do trabalho em conjunto que APES e Sintufejuf vem realizando recentemente, e também em parceria com DCE e APG. Flávio destacou a presença, na posse, de reitores eleitos, algo que está ameaçado com o atual governo, que vem intervindo na autonomia das instituições e desrespeitando as escolhas das comunidades acadêmicas. “Esperamos que, com o encerramento deste governo, possamos disputar caminhos dentro de padrões científicos, dentro de governos que não desqualifiquem publicamente a educação, a organização dos trabalhadores, a organização da juventude, e que a gente possa voltar a fazer a luta política no campo democrático”, afirmou Flávio. 

 O representante da DCE, César Augusto Maciel, destacou a luta histórica dos sindicatos pela melhoria das condições da classe trabalhadora e colocou o DCE à disposição para dar continuidade à mobilização em conjunto com a APES e Sintufejuf pela melhoria da educação e pelo Fora Bolsonaro.

A representante do ANDES-SN, Clarisse Rodrigues (2º Tesoureira da Secretaria Regional Leste do ANDES-SN), destacou a importância de termos sindicatos de lutas que organizam a categoria. O reuni digital, o avanço da EaD, a redução das garantias de permanência estudantil, o corte gigantesco no orçamento da educação, são desafios destacados por Clarisse e que estão colocados para a nova diretoria da APES. 

Nova Diretoria

Finalmente, o novo presidente da APES, Leonardo Andrada, fez seu discurso de posse, garantindo que irá empenhar todo o seu esforço, dedicação e disciplina na continuidade do trabalho realizado pela APES. “O país que vai sair das urnas neste domingo será um país dilacerado. Tocou aos brasileiros atravessar a pior catástrofe sanitária em um século, submetidos ao pior governo possível em mais de um século. Todos que estão aqui e seus parentes, vizinhos e queridos, somos todos sobreviventes. Nós enfrentamos uma batalha terrível que, cada lugar do mundo teve suas peculiaridades. Mas aqui, sem a menor dúvida, nós enfrentamos com um grau extra. Para alguns a batalha foi mais pesada. E para outros ela nem foi possível. Precisamos honrar estes que não conseguiram sobreviver. Então, eu gostaria apenas de deixar claro que todos aqueles que confiaram e que acharam que eu tenho a responsabilidade para tocar esta tarefa, daqui vão continuar poder esperar todo compromisso e a luta. E sei que vou poder contar com todos os companheiros que estão aqui, porque temos uma tarefa dura, e que se não tivéssemos a intenção de manter o compromisso com esta tarefa, de reconstruir esse país, não estaríamos aqui.” Leonardo mencionou a importância da APES nas lutas da classe trabalhadora da região e dos companheiros e companheiras que construíram esta luta e que estavam presentes na cerimônia. 

Em seguida, Leonardo Andrada convidou os e as presentes para a confraternização, que contou com a apresentação musical do grupo Samba de Colher e com a discotecagem de Aravena. Confira os registros: