CARTA ABERTA AO BUTANTAN

Entidades publicam documento em defesa da ampliação da vacinação para público infantil

Nos alerta um dos maiores cientistas do mundo, o doutor Miguel Nicolelis: “Este é um vírus para não se ter! Nunca. Nem de forma assintomática, branda ou leve. Este vírus pode causar múltiplas complicações crônicas graves que reduzem a qualidade de vida e podem ser fatais.” Solicitamos ao instituto Butantan a máxima urgência no envio dos dados solicitados pela ANVISA, nos dias 17 e 18 de março, Anvisa envia exigências técnicas ao Butantan sobre a vacina CoronaVac para imunização de crianças menores — Português (Brasil) (www.gov.br) referente ao uso emergencial da vacina CORONAVAC para as crianças a partir de três anos. As aulas presencias obrigatórias retornaram em todo território nacional, diante desse cenário, vimos subir substancialmente o número de casos de síndrome respiratória aguda grave em crianças, de acordo com o último boletim da FIOCRUZ:  InfoGripe: casos de SRAG em crianças continuam em ascensão (fiocruz.br). Observam-se mais casos, justamente, na faixa etária de não vacinados e na faixa etária de crianças elegíveis para vacinação, contudo, com baixa cobertura vacinal. Além disso, o boletim aponta que quase 90% desses casos, são em decorrência da COVID-19.

O Brasil, infelizmente, é um dos países com maior número de óbitos infantis devido à COVID-19, no mundo, isso considerando apenas os números oficiais. Ademais, muito nos preocupam as seqüelas da COVID-19 e da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, sobre as quais não há ainda dados oficiais consistentes. Lembramos que, no nosso país, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece que as crianças são obrigadas a freqüentarem presencialmente às escolas a partir dos quatro anos.   Em tempos de decretos municipais que vêm flexibilizando o uso de máscaras em ambientes externos e internos, essas crianças se tornam extremamente vulneráveis à COVID-19, já que a única medida de prevenção recomendada até agora para esta faixa etária (uso de máscaras de proteção) vem sendo progressivamente derrubada, apesar de manifestações contrárias de órgãos de saúde nacionais, assim como da OMS (https://agencia.fiocruz.br/observatorio-covid-19-aponta-relaxamento-prematuro-de-medidas-protetivas; https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,nao-e-hora-de-tirar-mascara-em-ambiente-fechado-diz-margareth-dalcolmo,70004012453?utm_source=estadao:whatsapp&utm_medium=link).

A ampliação da vacinação para as crianças de três e quatro anos se apresenta como a única forma segura, para muitas famílias, de proteção dos seus pequeninos contra a COVID, considerando também a dificuldade de se monitorar o uso correto da máscara para esta idade, quando se está longe de casa e diante do tempo de permanência no ambiente escolar.

Diversos países como Chile, China, Taiwan, Colômbia, Argentina, dentre outros, fazem uso da CORONAVAC, para a faixa etária de 3 a 5 anos, mostrando alta taxa de segurança dessa vacina, sem efeitos adversos graves, conforme dados do próprio Instituto Butantan (Sete países já aplicam a CoronaVac em crianças acima de três anos – Instituto Butantan).

Observamos que no Brasil, um levantamento recente da Vital Strategies – organização global composta por especialistas e pesquisadores com atuação junto a governos – estima que, até janeiro de 2022, 3.249 crianças menores de cinco anos podem ter falecido em decorrência da COVID-19. Além disso, mais de 92 mil crianças teriam sido hospitalizadas (Covid: Brasil tem mais mortes de crianças de 0 a 4 anos do que de maiores de 5 | O TEMPO). Compreendemos que a vacina é a maior arma contra a COVID-19, principalmente considerando o relaxamento e a flexibilização de todas as medidas de contenção da pandemia. Portanto, consideramos imperativo e urgente estender a faixa etária da vacinação, incluindo crianças de 3  e 4 anos. Desse modo, solicitamos ao Butantan, a máxima urgência no envio dos dados requeridos pela ANVISA, destacando mais uma vez a obrigatoriedade do ensino presencial para crianças de 4 anos.

Atenciosamente,

MoVaC (Movimento pela Vacina para Crianças)

Escolas Seguras Juiz de Fora

Frente em Defesa da Educação

MovEM-Rio (Movimento de Mães, Pais e Responsáveis pela Escola Pública Municipal Carioca).