Direção da APES discute questionário do PDI com Reitoria da UFJF

A Direção da APES, seguindo decisão de assembleia, se reuniu nesta quarta-feira com a Administração Superior da UFJF para debater o questionário, aplicado pela Comissão Executiva do Plano de Desenvolvimento Institucional, a professoras e professores, servidores (as) técnicos(as), funcionários (as) terceirizados (as) e estudantes, via email.

Augusto Cerqueira, Presidente da APES, expôs a estranheza causada em muitos docentes, e também na direção do sindicato, pelo teor das perguntas que foram direcionadas, já que estas tratavam de questões complexas como  o papel da universidade e da educação pública, temas que foram ampla e exaustivamente debatidos pela categoria em congressos e instâncias deliberativas do sindicato. E que, da forma como foram colocadas, impedem o diálogo e a reflexão. “Pontos importantes, frutos da luta de professores e professoras, como inclusão, gratuidade do ensino, sua característica socialmente referenciada, são fundamentais e não há como se colocar em dúvida esse tipo de construção por meio de um instrumento como um questionário. A pesquisa de opinião não fomenta o aprofundamento no tema e cria a falsa ilusão de que é um mecanismo democrático, quando sabemos que questionários não privilegiam a reflexão crítica e o debate ideais”.

Augusto reconheceu o direcionamento democrático, que é a base de princípios da atual gestão da UFJF, mas pediu muito cuidado com o uso dos resultados do questionário, que aborda temas como doutrinação de esquerda dentro da instituição e se o ensino deveria ser ou não gratuito.

O professor Leonardo Andrada, da direção da APES, argumentou que, caso a comissão tenha esses mesmos princípios democráticos, talvez tenha havido algum tipo de inocência metodológica, que acredita na neutralidade dos resultados, dos questionamentos e até mesmo do resultado que tal ação pode gerar.

O reitor Marcus David procurou tranquilizar com relação aos objetivos do questionário e reafirmou seus princípios de defesa da universidade pública, gratuita e democrática. “Nós não estamos querendo fazer um planejamento para mudar a natureza jurídica da universidade”.  

Ele traçou um rápido histórico da construção do PDI, em que o questionário  funcionaria, como etapa inicial,  para que as pessoas pudessem dizer como viam a universidade para tentar ter um diagnóstico dessa percepção, para ajudar a construir ações estratégicas. Também falou da  tentativa de formar uma representação democrática da comissão que elaborou o questionário, com a participação das entidades. Disse respeitar a decisão da APES de não participar dela, mas apontou que o sindicato poderia ter contribuído.

Sobre este ponto, Augusto reafirmou a decisão de Assembleia sobre a não participação da APES em comissões administrativas, entendendo que é função da administração a construção do PDI. Reforçou que essa decisão garante a autonomia e independência da APES para defender a categoria em contraponto a uma posição de ter que referendar decisões da administração superior, como a realização do questionário.

O reitor disse ainda que entende as preocupações da APES com os temas abordados, mas que, tendo por base a composição da comissão, “está muito tranquilo com o trabalho”. Afirmou também não poder dar mais esclarecimentos por não ter tido acesso ao modo como o questionário foi organizado e sugeriu que seria importante que a entidade fizesse os questionamentos à Comissão Executiva do PDI.

Esta nova reunião poderá ocorrer na próxima quinta-feira, 16 de setembro.

Nota

A APES divulgou, nesta quinta-feira, nota com seu posicionamento em relação ao questionário. Clique aqui para ler