Governo Temer propõe 40% da carga horária do Ensino Médio à distância

Na última terça-feira, 20 de março, foi divulgada pela Folha de São Paulo a notícia de que o governo de Michel Temer enviou ao Conselho Nacional de Educação (CNE) uma proposta de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio que permitiria que até 40% da carga horária desse ensino no Brasil seja ministrada à distância. A porcentagem da carga horária para os alunos que cursam o Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) seria de 100%, ou seja, toda a grade curricular poderia ser cursada fora da sala de aula.

A Reforma do Ensino Médio aprovada ano passado deixou abertura para essa proposta de ensino à distância no Ensino Médio. O Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM) disse também à Folha que vetará a proposta caso ela avance no CNE. Entretanto, além do Ministro se afastar do cargo e deixar o MEC em abril para se candidatar nas próximas eleições, o fato dele expressar sua discordância não significa que a proposta não irá adiante.

O diretor da APES e professor do Colégio de Aplicação João XXIII, Thiago Barreto Maciel, afirmou que na atual conjuntura, o posicionamento do atual Ministro deixa evidente a movimentação dos bastidores para atender os interesses do capital nacional e internacional, e é esse capital que “vem ditando as normas”. Em relação a proposta do governo, Thiago avalia que ela “reforça o apartheid educacional. Por exemplo, fazer 100% do ensino à distância para a EJA é rebaixar a qualidade do ensino da EJA. E rebaixar do médio regular também”. Vale ressaltar que o ensino à distância possui amarras, “um controle tecnicista do que é ensinado, exercido através de apostilas prontas, aulas prontas.” Além disso, os filhos das pessoas da classe trabalhadora vão sofrer mais com essas atualizações das Diretrizes; afinal, as escolas destinadas a formar as elites não vão deixar de dar aulas todos os dias e exigir carga horária dos alunos.