Pesquisadores analisam o atual uso de máscara em Juiz de Fora e mostram que nova onda de Covid-19 deve ser esperada pelas autoridades públicas

Atualmente, um artigo científico publicado no periódico Preventive Medicine Reports (Fator de Impacto: 4.018) apontou que a população ainda se encontra fora do limiar de imunidade coletiva, tendo por base os atuais índices de vacinação, com o exemplo da população em Manaus. O estudo ainda evidencia que a maior proteção contra as variantes hoje em circulação é conferida principalmente pela segunda dose da vacina, cuja cobertura vacinal tem contemplado atualmente apenas 78.81% de toda a população de Juiz de Fora, sendo ainda muito distante do limiar de imunidade coletiva que deve ser alcançado com a imunização de 85 a 90% de toda a população com a segunda dose. A dose de reforço cobriu um percentual ainda menor da população, apenas 44,79% de toda a população de Juiz de Fora. 

A análise feita pela equipe de pesquisadores leva em consideração a mobilidade urbana para o cálculo do nível de isolamento social para o município de Juiz de Fora, a ampla circulação da variante Delta, Ômicron BA.1 e a introdução da variante Ômicron BA.2. O modelo foi ajustado pelos dados oficiais de óbitos por COVID-19 da prefeitura de Juiz de Fora e foram consideradas também as taxas de imunização para Juiz de Fora de acordo com dados disponibilizados pelo Governo de Minas Gerais. Todos os dados foram coletados até 04 de abril de 2022.

O estudo aponta que a chegada da variante Ômicron BA.2 na cidade da Zona da Mata Mineira deve causar uma quarta onda de Covid-19, causando, em média, no momento de maior ápice da nova onda, 5 mortes por dia, podendo chegar a 10 óbitos diários. Estudos de caso em pacientes, como estudos populacionais utilizando modelos epidemiológicos, atestaram que o contato natural com o vírus não fornece imunidade duradoura. Além disso, os casos de reinfecção têm tendência a serem mais severos, desta forma a desobrigação do uso de máscaras em locais abertos ou fechados tende a contribuir para o aumento da transmissão comunitária do vírus. 

A pesquisa explicitou que a revogação da obrigatoriedade do uso de máscaras neste momento diminui em muito a proteção que a população possui para frear a transmissão comunitária do coronavírus e inflaria substancialmente os índices de casos na região. Portanto, os estudiosos afirmam que é iminente a necessidade da revogação do decreto que desobriga o uso de máscaras.

A nota técnica é assinada por pesquisadores e pesquisadoras das seguintes instituições: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Programa de Biologia (Ecologia); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ); Pesquisadora Aposentada do Instituto Butantan; Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); e tem como autor correspondente Lucas Ferrante. Leia a nota na íntegra aqui.