Reunião expôs situação grave ocasionada pelo assédio moral e sexual e indicou propostas para a comissão formada pela UFJF

No início da noite de quarta-feira, 03 de maio, representantes do DCE, APES, Sintufejuf e APG, e integrantes da base: professoras (es), TAEs e estudantes, reuniram-se para debater diretrizes da política de enfrentamento a violências, como o assédio moral e sexual, na UFJF. A iniciativa da reunião ampliada veio das entidades representativas, que também compõem a comissão, entendendo a necessidade de ouvir a comunidade sobre o assunto, para a construção de uma proposta mais robusta e adequada da política, incluindo a elaboração de uma minuta de resolução a ser aprovada no Conselho Universitário. 

Durante a reunião, muitos relatos e casos vieram à tona, salientando uma situação grave de adoecimentos, traumas e abandonos de função e cursos, decorrente de práticas tortuosas de violências sexuais, morais, bem como do desamparo das vítimas, que muitas vezes se sentem abandonadas pela instituição, passando por processos que as revitimizam e acabam por aumentar a gravidade dos danos psicológicos apresentados. As pessoas presentes também debateram as diversas assimetrias de poder, relacionadas a marcadores sociais como gênero, raça, classe, orientação sexual, bem como as hierarquias formais e simbólicas, que dificultam inclusive o momento das denúncias.

As pessoas participantes também apontaram a necessidade de ampliar a transparência sobre como a Instituição vem lidando os casos denunciados, ressaltaram a falta de acolhimento às vítimas e indicaram o quão fundamental é a realização de campanhas pedagógicas firmes que deem um basta ao comportamento muitas vezes naturalizado do assédio.

Foi ressaltada ainda a necessidade de que o combate ao assédio se apóie no conhecimento produzido pela própria instituição, em pesquisas, teses e artigos; utilizar a experiência de quem já estuda o assédio e que pode lançar pontos de vista mais conectados com a realidade da situação.

  Ampliação do debate

Diante da gravidade da situação, a reunião apontou a necessidade de se ampliar o debate, que já é pauta comum de luta das entidades representativas, sugerindo à comissão a criação de um fórum permanente de discussão da agenda das violências, com participação da comunidade externa. Deliberou-se ainda por apresentar, à comissão da UFJF, as demais sugestões discutidas. Ao mesmo tempo, as entidades darão sequência, para além da atuação na comissão, ao trabalho que já realizam no enfrentamento das violências, ampliando a discussão com a base. Foi encaminhada a realização unificada de eventos, seminários etc. que possam envolver toda a comunidade universitária, de uma forma que o assunto possa ser aprofundado, para um retrato mais fiel da situação das diversas violências, como os assédios sexual e moral, indicando ações pedagógicas, preventivas e repressivas.