Tem início Seminário Nacional da Comissão da Verdade

Quando se fala nos legados de ditadura, não se pode pensar apenas na repressão por parte do Estado, na falta de democracia, na censura e violência sofridas, é preciso destacar também as sequelas que persistem até hoje na sociedade. Os efeitos dos 20 anos da ditadura empresarial militar brasileira (1964-84) podem ser percebidos em toda a institucionalidade nacional, passando pela universidade e pelo movimento sindical. Essa é a síntese da fala do presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, que abriu na manhã desta terça, 31, o Seminário Nacional da Comissão da Verdade do Sindicato Nacional, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. O encontro continua durante esta quarta-feira (1).

O encontro é o ponto culminante de uma série de eventos regionais, em todo o país, organizados pela entidade, e que procuram dar conta do debate sobre a necessidade de resgatar fatos e efeitos relacionados ao período ditatorial junto à universidade, mas também a relação desses com outros segmentos da sociedade. O tema geral do seminário é ”A Universidade e a Ditadura Empresarial-Militar no Brasil: Luta por Memória, Verdade e Justiça”. As discussões serão sistematizadas em um Caderno Especial do ANDES-SN, a ser lançado no 60º Conad, em Vitória (ES). Esse documento será considerado referência do Sindicato Nacional na luta pela restauração da memória histórica.

 Autoritarismo
Na avaliação do presidente do ANDES-SN, a herança autoritária não é recente. Pegando apenas a questão sindical, ele lembra que até os dias atuais, permanece a herança da ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, com a interferência estatal na autonomia do movimento sindical. Segundo Rizzo, mesmo após 30 anos do fim da ditadura civil militar, a legislação referente ao meio sindical se mantém inalterada, possibilitando o surgimento de entidades que se postam ao lado do governo, contra o interesse dos trabalhadores.

A herança autoritária pode ser percebida também em um país governado através de Medidas Provisórias (MPs), que foram respaldadas mesmo após a elaboração de uma Constituição em período de vigência democrática. A desmilitarização das polícias também seria bem-vinda em uma sociedade que procura encarar as manifestações, os protestos, e as reivindicações dos movimentos sindicais, sociais e populares, não como um caso de polícia, mas como um direito de cidadania, analisa Paulo Rizzo.

Luta por memória e justiça
Após a abertura, aconteceu a primeira mesa de discussões, que abordou a “luta por memória e justiça”. Participaram dela uma representação da Comissão da Verdade do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que explicou como funcionava o sistema de espionagem e repressão aos trabalhadores em grandes empresas de São Paulo.

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