Marcha Consciência Negra marca o 20 de novembro em Juiz de Fora

Neste sábado, dia 20 de novembro, entidades, associações, sindicatos, trabalhadores e trabalhadoras, participam da Marcha da Consciência Negra, com concentração na Praça da Estação, no centro de Juiz de Fora, a partir das 10h. O dia será marcado por protestos em todo o país. Os atos, que lembram a data histórica de resistência da população negra, terão como pauta a defesa da igualdade racial, da vida, da democracia e do emprego, contra a carestia, a fome e pelo Fora Bolsonaro. A APES e o ANDES-SN convocam toda a categoria a participar das manifestações.


Durante toda a semana, APES  e Sintufejuf movimentaram as redes com cards e matérias envolvendo a luta contra o racismo, a exclusão e o preconceito. Veja as matérias neste informativo. As entidades se empenharam também na divulgação da marcha, colocando, inclusive, um carro de som rodando as ruas da cidade, em conjunto com o Comitê Fora Bolsonaro, e chamadas em diversas rádios de Juiz de Fora.

Protestos encampam também as bandeiras do Fora Bolsonaro
Os protestos nacionais do dia 20 de novembro foram convocados pela Convergência Negra e pela Coalizão Negra por Direitos e incorporados também pela campanha Fora Bolsonaro, pelas centrais sindicais e pela Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), que estão reforçando o chamado e orientação para que suas bases participem das manifestações previstas para este sábado (20). Já são mais de 80 cidades com atos de rua, passeatas, manifestações e outros eventos agendados.
Clique aqui para ler a matéria completa no site do ANDES-SN.

 

 

 

 

 

Coletivo Pretxs em Movimento realiza live celebrando a resistência do povo negro

Em um evento em formato híbrido (presencial para a comunidade e online para o mundo), o Coletivo Pretxs em Movimento estará no bairro Dom Bosco, celebrando a resistência do povo negro.

O evento, na comunidade, será realizado a partir das 15h, com participação reduzida de pessoas e terá roda de samba e feijoada. A Live, transmitida pelo YouTube, terá a presença de Bruno Lima, pesquisador do Instituto Max Planc, em Frankfurt, e autor dos dez volumes das Obras Completas de Luís Gama.

Luís Gama (1830-1832), baiano, foi alforriado aos 17 anos, estudou direto de forma autodidata e defendeu escravizados, conseguindo alforriar centenas de pessoas. Jornalista e figura chave do movimento abolicionista, ele só foi reconhecido como advogado 133 anos após sua morte.

O movimento ressalta a importância de celebrar a memória das pessoas e dos grupos que enfrentaram e enfrentam até os dias de hoje o preconceito e a discriminação e se engajam na defesa das vivências e dos valores da cultura negra.

Só vem!  https://youtu.be/e2ojOXS_epw

 

 

 

Coordenador do Movimento Negro Unificado fala sobre racismo religioso, linguagem e unificação da luta contra a discriminação

Dentro da série de matérias que marcam o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, conversamos com Paulo Azarias, coordenador do Movimento Negro Unificado em Juiz de Fora. Na entrevista, temas como o racismo religioso, a união dos movimentos sociais, a unificação de bandeiras e o uso correto da linguagem como forma de combater o racismo. Acompanhe

1 – O que pode ser dito sobre o momento atual no Brasil, especificamente sobre a intolerância sobre as religiões de matriz africana?
É importante contextualizar. A intolerância religiosa ou o racismo religioso vem se desenrolando desde do processo da colonização desse país, trazendo os africanos como escravizados, junto com o demonizar das crenças e da fé de matriz africana. Neste momento atual, com a ascensão de Bolsonaro, o discurso de extrema direita, fascista, aumentou muito o grau de violência contra religiões de matriz africana. Então é esse processo de disseminação da intolerância que tem afetado de forma cada vez mais grave as práticas e as religiões de matriz africana.
2 – Como essa intolerância se insere no contexto geral do racismo?
O racismo, como um processo estrutural no Estado e na sociedade brasileira, tem causado, ao longo dos anos, um  prejuízo muito grande para a população negra, tanto em relação à violência policial: todos os dados demonstram o aumento, a cada ano que passa, da letalidade, por parte do estado, com relação às populações negras e periféricas; quanto na questão da saúde: a gente vê os dados sobre covid-19, em que o maior número de atingidos é a população negra; igualmente na questão do desemprego e na população carcerária. No campo das religiões de matriz africana, esse quadro não é diferente do que relatei anteriormente. É um processo que, em algumas comunidades no Rio de Janeiro e aqui em Minas Gerais também, organizações paramilitares têm expulsado lideranças de religiões de matriz africana. Nós temos visto aí uma escalada muito grande da violência, não só simbólica, mas física mesmo, com relação às estas religiões.
3 – Como se dá a questão em Juiz de Fora?
Juiz de Fora não é uma ilha né? Está inserida neste contexto de disputa, onde o discurso do ódio tem causado um retrocesso civilizatório. Vemos ataques sistemáticos, seja por meio de vereador que ataca indiscriminadamente as religiões de matriz africana, seja por meio de cultos de religiões fundamentalistas e até ações, ameaças e tentativas mesmo de inviabilizar a prática das religiões. Juiz de Fora está neste processo em que aumentou muito a intolerância religiosa.
4 – Qual é o quadro atual das políticas de combate ao racismo no país?
O movimento negro organizado tem feito várias ações num processo importante de unificação. As entidades têm se organizado e buscado ter uma relação com o campo da esquerda e com outras organizações populares, para fortalecer no combate ao racismo. Um exemplo disso, é essa marcha do dia 20 de novembro, onde se trabalha no sentido de unificar todo o movimento contrário ao Bolsonaro. De se fazer fortalecer a denúncia do racismo e, ao mesmo tempo, mostrar para a população a necessidade da derrubada do governo Bolsonaro. Também temos formulado propostas no campo partidário de esquerda. Momento em que muitos negros e negras têm se apresentado para candidaturas. Pela primeira vez, nas eleições passadas houve um aumento significativo de vereadores e vereadoras negras. O que reflete muito o acúmulo das lutas negras ao longo desses anos.
5 – Como os movimentos sociais têm atuado nesta luta?
Essa é a grande questão que está colocada para todos os movimentos sociais. A necessidade de se construir programas, projetos, uma plataforma comum a todos os oprimidos. Então é necessário que a luta das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, dos ambientalistas, dos sindicatos, se articulem no sentido de assumir as bandeiras uns dos outros. Não dá mais para termos lutas isoladas. Então este é o grande desafio que está colocado para o movimento como um todo: A necessidade de construir um grande projeto anticapitalista, antimachista, antirracista e anti lgbtqia+fóbico. Um projeto que defenda o meio ambiente, a ecologia, que defenda a cultura. 
6 – Nós jornalistas às vezes sofremos com dúvidas a respeito dos termos politicamente corretos a serem escritos ou ditos: “racismo religioso”, “raça negra”, “etnia”, “pretos”, “pardos” etc. Como poderíamos melhorar essa comunicação?
No processo de formação e construção de conceitos, nós entendemos os profissionais, principalmente da comunicação, como fundamentais. E nós nos dispomos a construir, coletivamente, um conjunto de normas que poderia contribuir na elaboração de matérias, na abordagem desses temas. Primeiro, assumir a Raça Negra, não enquanto um sujeito biológico, mas enquanto uma categoria social, que historicamente foi extremamente discriminada, no processo da violência contra Raça Negra. Para nós, o conceito de intolerância religiosa é um conceito muito cristão e nós entendemos que aí passa pelo racismo, e afirmamos que é o racismo religioso, em função da origem das religiões de matriz africana E essa questão, a discussão de “Pardo” … “Moreno”, o movimento negro, durante anos, vem lutando junto ao IBGE para que seja colocado no Censo apenas a raça negra. Porque o Censo contribui muito com essa questão (do racismo) quando ele coloca branco, preto ou pardo, coloca cor.  Então esse é um debate muito importante que estamos dispostos a construir junto com os profissionais da imprensa. Um conceito que não seja discriminatório e que cada vez mais busque elevar a consciência da população. No conceito biológico, raça é raça humana e aí nós trabalhamos Raça Negra enquanto uma categoria histórica que continua sofrendo os mais diversos ataques econômicos, sociais e culturais.

 

 

 

 

 

Bruna Rocha fala sobre preconceito, transfobia, a importância do Dia da Consciência Negra e da luta por direitos, trabalho e cidadania.

 

 

Dando sequência à série de entrevistas da Campanha que marca a Semana da Consciência Negra, o SINTUFEJUF e a APES entrevistaram Bruna Rocha, ativista travesti negra e especialista em Gênero e Sexualidades pela UFJF. Durante o diálogo Bruna falou sobre preconceito, transfobia, a importância do Dia da Consciência Negra e da luta por direitos, trabalho e cidadania. Confira:

O que o Dia da Consciência Negra representa para você? Qual a importância desta data?

Bruna Rocha: O dia 20 de novembro, em 2011, já no século XXI, é instituído o dia da Consciência Negra (Lei nº12519) por conta da morte de Zumbi dos Palmares que aconteceu no século XVII, por volta de 1695. Se pararmos para pensar, essa é uma luta que acontece desde 1500, com a migração forçada dos povos africanos para territórios brasileiros. Então, a importância deste dia é entender que em 1888 nós tivemos uma lei com apenas dois artigos (lei n. 3.353, mais conhecida como lei Áurea). Artigo 1: é declarada extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil. Artigo 2: Revoga-se qualquer disposição em contrário. Ou seja, não houve indenização, não houve capacitação, formação da população negra que deixou de ser escrava. Desta forma, pensar no dia da Consciência Negra é pensar que nós estamos lutando por direitos iguais, cidadania, garantia de políticas públicas a uma população a quem foi negada todos os seus direitos ao longo de toda a história da civilização moderna do Brasil

Quais as principais barreiras enfrentadas pelas mulheres trans e negras? Como quebrá-las?

Bruna Rocha: Quando falamos em mulheres negras, hoje em dia, estamos vivendo um movimento de fluxo contrário à formação, à educação profissional. Mas, historicamente, os lugares desenhados a mulheres negras eram os trabalhos de maior esforço físico e menor capacidade intelectual, haja visto que ao longo de toda nossa história, a grande maioria das mulheres negras desenvolveu o trabalho de empregada doméstica. E quando nós falamos na população de travestis e transsexuais negras, nós temos a mão de obra mais barata do mercado. Porque além de não conseguir trabalho, além de não conseguir posição no mercado formal, elas têm que se prostituir, e o valor do mercado sexual para as pessoas negras travestis e transexuais é ainda menor que das travestis e transexuais brancas com cabelos lisos ou alongados. Então nós temos que entender que existe uma dicotomia muito grande entre mulheres brancas e mulheres negras e travestis e transsexuais brancas e travestis e transsexuais negras. Esse movimento é histórico, acontece ao longo de toda a vida e deve ser muito bem observado pelos analistas sociais. São discussões feitas muito a fundo, estão sendo trabalhadas, mas devem ser muito bem olhadas ao longo da história. Nós temos as mãos de obra mais baratas do mercado, das mulheres negras, das mulheres trans e das travestis.

Como lutar pela garantia de direitos da população negra e trans? Existem políticas públicas específicas para esse público? O que ainda falta?

Bruna Rocha: Lutar por garantia de direitos é entender que nós temos uma população que historicamente foi marginalizada, historicamente foi diminuída e essas pessoas estão lutando por seus direitos, para ocupar os seus lugares e pela garantia de acesso. Quando pensamos em lutar por direito, pensamos em lutar por políticas públicas que garantam não que essas pessoas apenas entrem nos lugares, mas que elas tenham condições de se manterem lá. Isso historicamente foi negado à população negra. Nós pensarmos hoje em dia em cotas raciais em serviços públicos e universidades, em cursos técnicos, é entender que essa população historicamente negada de direitos precisa ocupar determinados lugares para no futuro ocupar determinados postos de trabalho e com isso gerar uma cadeia produtiva de pessoas que se educam, formam e trabalham em espaços os quais lhes foram negados ao longo de toda a existência. Pensar em políticas públicas é pensar em cotas, formação, capacitação e que o governo tem o papel de garantir cidadania a população negra e a população trans da mesma forma que garanta a outra grande parte da nossa população.

De acordo com o Atlas da violência de 2021, 77% das vítimas de homicídios no Brasil são pessoas negras. Em 2019, as mulheres negras representavam 66% do total de mulheres mortas no país. Em 2020 foi registrado um aumento de 43% de assassinatos de travestis e transexuais no Brasil em relação ao ano anterior. O que estes dados significam para você?

Bruna Rocha: O Brasil é o país que mais consome pornografia LGBTQIA+ no mundo. O Brasil é o país que mais produz pornografia LGBTQIA+ no mundo. O Brasil é o país que mais usa serviços sexuais no mundo e ainda assim é o país que mais mata pessoas travestis e transsexuais no mundo. A mesma população que mais usa, que mais consome, que mais ostenta o mercado, é a população também que mais mata. As violências contra as pessoas LGBTQIA+, principalmente trans e travesti não diminuem, elas se tornaram públicas com o avanço da comunicação e advento da internet, mas isso vem acontecendo ao longo de toda a nossa história e deve ser cuidada e vigiada e o poder público tem obrigação de dar respostas efetivas.

Você sente que ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra o preconceito?

Bruna Rocha: A luta pelo preconceito no Brasil começa em 1500 e vai se perpetuando ao longo de toda a nossa história. Não falo apenas do preconceito racial. Apesar de estarmos na Semana da Consciência Negra, discutindo o preconceito racial, nós temos que lembrar que historicamente o Brasil é um país homofóbico, misógino, gordofóbico, é um país onde as minorias são segregadas da maioria dos seus direitos e violentadas diariamente. Essa minoria vem lutando, guerrilhando, crescendo, mas ela sempre vai estar na condição de minoria por conta dos preconceitos históricos, que já vem enraizado na nossa formação enquanto pessoa e isso deve ser trabalhado. Enquanto nós tivermos a necessidade de ter um Dia da Consciência Negra, um Dia da Visibilidade Trans, um Dia do Orgulho LGBTQIA+ nós temos a necessidade de lutar. Seia uma utopia pensar não na existência desses dias, é utópico, mas é necessário nós lutarmos hoje para que um dia essas datas não sejam tão importantes mais, porque nós teremos uma população consciente, digna em direitos, capaz de entender que o negro deve ser respeitado, que o LGBTQIA+ deve ser respeitado, que o gordo deve ser respeitado, que o deficiente deve ser respeitado, então enquanto nós tivermos datas comemorativas para lembrar de tudo o que aconteceu, é sinal de que nós temos ainda muita luta para percorrer, muita luta para seguir e continuar lutando. E essa é uma luta que vale a pena, para garantir direitos às pessoas negras, cidadania às pessoas LGBTQIA+ e a gordos e deficientes. É uma luta que vale a pena ser lutada diariamente, que a gente acorda lutando e dorme lutando, ocupando espaços seja por força ou direitos adquiridos. 

 

 

 

 

 

Andressa Carvalho, integrante do coletivo Vozes da Rua e poeta marginal falou sobre o cenário artístico para pessoas pretas, sobre o machismo e mais

Com mais uma matéria pertencente à série de entrevistas da Campanha que marca a Semana da Consciência Negra, o SINTUFEJUF e a APES conversavam com Andressa Carvalho, integrante do coletivo Vozes da Rua e poeta marginal. Ela falou sobre o cenário artístico para pessoas pretas, sobre o machismo que existe e também sobre como esse cenário pode, e vem mudando. 


Fale um pouco sobre o Coletivo Vozes da Rua.
Andressa: O Coletivo Vozes da Rua é um coletivo de manifestação da cultura hip-hop, negra e periférica, e pra gente essas três coisas acabam sendo uma coisa só. A cultura hip-hop é preta e é periférica. 


Como ficaram essas manifestações culturais durante a pandemia? 
Andressa: O Vozes durante a pandemia sofreu muito pela falta de contato com o público, mas isso não impediu de realizar alguns projetos. Por exemplo, o Agosto Negro aconteceu em agosto de 2020, com discussões sobre mulherismo africano e o deste ano foi sobre a “reforma agrária do ar”, que é sobre a forma como a comunicação mudou, fazendo uma alusão ao ar pelas ondas do rádio e de internet que nele estão presentes, e como muitas da vezes a comunicação precisa de uma reforma e de dar voz a comunidade. Isso foi muito simbólico para nós porque o coletivo surgiu na rádio comunitária do bairro de Santa Cândida, a Rádio Mega, e vem se expandindo para outras comunicações como podcast e lives.  A gente também fez um Sarau online nesses eventos. As atividades não ficaram paradas, mas tudo foi online. Eu e os outros membros do coletivo queremos muito que isso (a fase de isolamento) passe, porque temos a tendência de ir em locais como escola e penitenciárias que é um contato muito importante, e nesses locais nossas lives não chegam. Mesmo com a live o público nem sempre tem acesso por falta de computador, internet ou um ambiente tranquilo. Foi também como um enfrentamento a pandemia que o Vozes, junto do Levante Popular da Juventude e do MST, recolheu cestas básicas que foram distribuídas em sua maioria no bairro do Santa Cândida, mas, por terem membros espalhados por todos os lados, toda vez que descobriram alguém que precisava, os membros do coletivo davam um jeito de ir entregar a cesta básica. Era o jeito de garantir o mínimo de segurança alimentar. 
Ainda é feita a campanha através de arrecadação de alimentos e da chave pix. 

Como é ser artista e mulher preta no Brasil de hoje? 

É o que Racionais já dizia e é um fato: a pessoa preta no cenário artístico tem que ser duas vezes melhor, às vezes até mil vezes melhor. Na minha vivência e na vivência com o coletivo eu percebi que tem muitos negros dentro desse movimento, mas ninguem vive de arte unicamente. Eu amo ser artista e reconheço a importância que isso tem, mas a poesia nunca me deu o que comer. Os artistas têm que se preocupar com a arte, com o cuidar do coletivo e também com estudo e trabalho. Às vezes o Vozes recebe várias propostas de eventos legais e temos que recusar por conta dos nossos trabalhos fora do coletivo. É por isso que temos que ser três, quatro, cinco vezes melhor. Para uma pessoa branca, que nasceu em um berço em que há condição de não pensar em contas e colocar comida na mesa é muito mais fácil pensar na arte, estar atenta a editais e conseguir escrever um projeto. Muitas vezes o coletivo se uniu em conjunto para escrever um projeto e por falta de tempo não conseguimos que o documento ficasse perfeito. E mesmo assim estamos correndo atrás. O Slam de Perifa, que é organizado pelo Vozes, eventos de break, sempre que aconteciam apareciam pessoas interessadas, mas era trabalhoso. O online não diminuiu essa responsabilidade, tem que ter internet, iluminação, todo um suporte. 

Como é a recepção das pessoas com a arte?

Ainda existe muito preconceito, mas sempre tem alguém que chega e elogia nossa poesia, elogia nosso trabalho e isso faz toda a diferença.  Minha família escuta minhas poesias e sempre elogia e apoia bastante, mas é algo que alguém possa me perguntar “o que você faz da vida?”  e eu vou poder dizer que sou artista. Viver da arte é difícil, mas pra uma pessoa preta é ainda mais difícil. 

Qual é a relação do Slam com a arte negra e periférica? 

Principalmente no Brasil o Slam é uma arte que anda muito junto com a cultura hip-hop e é uma arte preta. Slam é muito sobre vivências, sobre falar o que você sente e ser escutado. Eu só escrevo sobre o que eu vivo e acredito que muitos, se não a maioria, dos poetas são assim. Slam é a nossa forma de ser escutado. 

Qual é a importância da arte preta? 

Além do reconhecimento da nossa história e do pertencimento, a arte é uma forma de comunicação. Às vezes, se você parar pra falar de política em um boteco, às vezes ninguém vai escutar, mas eles vão ver um grafite ou vão ver alguma intervenção artística que vai fazer pensar sobre aquele assunto. Quando eu tô fazendo poesia na rua, com certeza vai passar alguém que vai escutar e vai se identificar com aquilo. 

Como é o machismo nesse cenário? 

O cenário é machista. Quando se fala rap você não imagina uma mulher fazendo, quando se fala hip-hop você não imagina uma mulher fazendo. Já cogitei diversas vezes ir com uma roupa diferente recitar, mas sempre mudei de ideia e fui com o meu vestido tubinho, por mais que eu já tenha escutado “mas é ela que vai fazer poesia?” ou “é ela que é do rap”? Não perco a minha identidade e não vou perder por conta disso, até porque eu acho que isso já está mudando, aos poucos, mas está. Esse tipo de coisa nem passa pela cabeça da galera mais nova que entra no coletivo. 

E como fica o preconceito nessa questão? 

O preconceito não é de agora. Desde a época da escravidão as pessoas, e até mesmo os negros,  pensam que preto é pra trabalhar e que ficar pensando em cultura e arte é vagabundagem. Às vezes vem até da família o questionamento de porque estamos fazendo arte e não procurando um trabalho. 

Isso pode mudar?
Assim como o conceito de cultura tem sofrido reforma e agora a arte não são só apenas os quadros renascentistas que estão na Europa, a gente tem mudado o conceito de arte. Até o conceito de beleza. A gente precisa se conhecer e o movimento hip hop nos ajuda. Eu sempre falo que ninguém melhor do que a gente pra ajudar a gente. As universidades e prefeituras podem nos ajudar através de editais e programas de incentivo,  mas o que nos mantém vivos é repassar isso para outras gerações, é dar voz aos pretos, mostrar que podemos tudo e fazer eles se reconhecerem como tal. Se der voz, a gente alcança mais pessoas e, se a gente alcançar mais pessoas, a gente fica mais forte.

 

Confira a nota do ANDES-SN de repúdio à agressão racista ocorrida no dia 16/11 no Aeroporto Internacional de Brasília

A Diretoria Nacional do ANDES-SN divulgou, no dia 18 de novembro, uma nota de repúdio à agressão racista ocorrida no dia 16/11 no Aeroporto Internacional de Brasília. Na nota, o ANDES-SN enfatiza que uma queixa-crime foi aberta por racismo na DECRIN, assim como exige a apuração dos fatos narrados pelos servidores e pelas servidoras. Além disso, a nota ressalta os esforços do Sindicato Nacional, que há 40 anos constrói uma agenda de lutas e, ao longo do tempo, incorporou questões e pautas do movimento negro, como adoção de cotas raciais, cartilhas de orientação à categoria na luta contra o racismo e de denúncia ao racismo institucional e estrutural nas universidades, institutos e Cefets.

Confira aqui na íntegra

APES convoca professores e professoras que queiram participar em Brasília da mobilização contra a PEC 32

A APES está buscando representantes que tenham interesse em integrar as mobilizações que estão se desenrolando diariamente em Brasília na busca por barrar a PEC 32. Aqueles que tiverem interesse em participar das mobilizações devem enviar e-mail para faleconosco@apesjf.org.br, colocando a sua disponibilidade e contato telefônico atualizado.

Comunicado sobre funcionamento das atividades da APES

 

A Diretoria da APES decidiu suspender as atividades presenciais em nossa sede a partir de 16 de março, como medida de prevenção contra a propagação do COVID-19 (coronavírus). A APES se manterá atuante na defesa dos professores e das professoras e na trincheira de luta pela educação pública.
Disponibilizamos a seguir os seguintes canais de comunicação, por cada setor:
Fale Conosco – (32) 99109-2284

Secretaria: denise@apesjf.org.br
Tesouraria: ronaldo@apesjf.org.br - 32991605284
Plano de Saúde: beth@apesjf.org.br Jornalismo: apesjf@gmail.com
Assessoria Jurídica: leocastroadv@hotmail.com, Telefones: (32) 3216-7890 e (32) 99931-6924

Para receber mensagens pela lista de transmissão da APES, envie mensagem de whatsapp para (32)991586940, com nome completo, instituição, unidade e a palavra “aceito”

 Não responda a esse email

As mensagens à APES devem ser enviadas pelo faleconosco@apesjf.org.br. Somente desta forma poderão ser respondidas pela entidade.


 
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