Hoje, 31 de março, completam-se 57 anos do golpe empresarial-militar de 1964. Desde então, foram 21 anos de um violento ataque à democracia, com perseguição, assassinato e tortura de centenas de brasileiros e brasileiras. Uma ação política que tinha como principal horizonte o achatamento salarial e a eliminação de direitos da classe trabalhadora brasileira, encontrou nos sindicatos os adversários de primeira hora, contra os quais voltou toda sua violência: entidades e pactos intersindicais foram suprimidos, lideranças depostas, sindicatos sofreram intervenção e as eleições de novas diretorias passaram ao controle do Ministério do Trabalho.
Com os riscos reais do Brasil vivenciar novamente um regime autoritário, com respaldo e incentivo do próprio presidente Jair Bolsonaro, a Apes chama a atenção da sociedade para este dia simbólico, para que a memória e a verdade tragam à tona as cicatrizes que este longo período de violência trouxe para nossa história, e para alertar para os perigos que os atuais ataques às instituições democráticas significam.
Neste sentido, convocamos a categoria para compartilhar nossos materiais digitais disponíveis em nossas mídias, e reforçar a luta em defesa da democracia e contra a tirania, e denunciando qualquer forma de comemoração desse evento nefasto da história brasileira.
Diz Leonardo Andrada: “O regime vigente em 1964 era o resultado das lutas democráticas do pós-II Guerra, da organização política de setores da sociedade brasileira após a queda do Estado Novo e a promulgação da Constituição de 1946. Foi sob essa ordem que pela primeira vez se buscou institucionalizar um regime democrático no Brasil, franqueando o voto a homens e mulheres maiores de idade, reconhecendo direitos civis e envolvendo politicamente amplos setores da sociedade que sempre estiveram à margem do processo decisório. Foi esse envolvimento com as questões nacionais mais relevantes que provocou a ira dos setores mais reacionários, truculentos e autoritários da sociedade brasileira, em associação com os centros decisórios internacionais, ao ponto de organizarem um movimento golpista em articulação com setores militares, para restringir ao ponto de eliminar a organização autônoma das classes trabalhadoras em luta por seus direitos legítimos. Comemorar esse golpe é um crime, à medida em que está previsto no código penal vigente a “apologia de fato criminoso ou de autor de crime”. O golpe e a ditadura que o seguiu pelos 21 anos seguintes resultaram em corrupção, tortura e morte. Um gesto criminoso, um regime criminoso, e comemora-lo é igualmente criminoso.
ANDES publica nota PELA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA!
Para lembrar os principais atos cometidos contra classe trabalhadores e contra a universidade e a educação brasileiras nos anos da ditadura, a diretoria do ANDES-SN publicou uma nota, na qual alerta:
“Ao repudiarmos os 57 anos desse golpe e tudo que ocorreu com a ditadura empresarial-militar de 1964, precisamos alertar a comunidade universitária brasileira que estamos vivendo um grave momento político. Voltam à cena grupos obscurantistas e reacionários com o desejo político de romper as balizas da democracia formal com o nítido sentido de operar um “novo” regime de exceção. São hordas neofascistas, grupos golpistas que se confirmam como apoiadore(a)s do atual presidente da república, Jair Bolsonaro.”
“Assim como, durante os anos da ditadura de 1964, lutamos e vencemos as trevas, agora, mais do que nunca, precisamos construir uma firme unidade de ação para enfrentar o(a)s golpistas neofascistas, defender a universidade brasileira e os serviços públicos. Temos que cerrar fileiras na luta pela vacinação já, para todos e todas. Em defesa da democracia e da luta da nossa classe contra a tirania, denunciamos qualquer forma de comemoração desse evento nefasto da história brasileira. Tal atitude, ocorra onde ocorrer, deve merecer o nosso mais profundo repúdio. Por nosso(a)s morto(a)s nem um minuto de silêncio, toda uma vida de combate!”
EM DEFESA DA ANISTIA
A CSP Conlutas organizou hoje uma plenária nacional realizada em sua página no Facebook. Além de denunciar as atuais manifestações políticas em defesa da ditadura militar, o objeto da plenária foi também chama a atenção para os atuais ataques à anistia política. Segundo informações da CSP, “uma das ações do governo Bolsonaro foi tentar suspender e rever processos de anistia política que já haviam sido aprovados. Como foram poucos aprovados nos governos petistas, ainda há mais de 18 mil anistiandos na fila de espera. O governo Temer paralisou e interviu no funcionamento da Comissão de Anistia, questionando sua autonomia e independência. O governo Bolsonaro briga para colocar uma pá de cal nesta luta com o desferimento de gravíssimos ataques a anistia política, seja pela potencialização de um problema crônico de desmobilização dos recursos e condições para o trabalho da Comissão, ou pela interferência direta do estado nas decisões da Comissão da Anistia, em aberto desrespeito à autonomia de estado e credibilidade da Comissão.”
Neste sentido, a entidade reafirma a necessidade de continuar a luta histórica por uma Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Por isso, a CSP-Conlutas reitera: “Não há o que comemorar em 31 de março, na verdade eterno dia de protesto do povo e da classe trabalhadora brasileira”.