Vacinação de crianças e adolescentes vira palco do negacionismo do governo Bolsonaro

 A vacinação de crianças e adolescentes é mais um capítulo na pandemia de Covid 19 no país, evidenciando o negacionismo do governo federal em contraposição ao que diz a razão, a ciência e o bom senso. Ocorre que no dia 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacinação desta faixa etária no Brasil com doses da Pfizer. No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou, no dia 23 de dezembro, que a imunização infantil iria ocorrer, porém mediante prescrição médica e autorização expressa dos pais, por meio de termo de consentimento. O governo abriu então uma consulta pública, muito criticada por autoridades sanitárias, cientistas e imprensa, dado o ineditismo de se consultar a população sobre uma decisão de saúde pública.

O prazo da consulta se encerrou no dia 02 de janeiro e o governo já havia avisado que pretendia tomar alguma decisão apenas no dia 05 de janeiro, enquanto estudos apontam que a rapidez na imunização dessa faixa etária é fundamental para a proteção de toda a população.

À imprensa, o ministro disse que a consulta pública tinha o objetivo de ouvir a sociedade. “Isso não é uma eleição. Isso não é para opinião de grupos de ‘zap’, como estão falando por aí. Queremos ouvir a sociedade, incluindo especialistas”.

A obrigação do termo de consentimento dos pais causou reação nos estados, que citam suposto uso político da vacinação infantil pelo governo. Logo após a aprovação da Anvisa, Bolsonaro disse que divulgaria os nomes dos técnicos envolvidos, o que causou revolta entre os servidores e ameaças de morte dirigidas a eles nas redes sociais. O ministro Queiroga afirmou ainda não haver patamar de mortes de crianças que justificassem decisões emergenciais do ministério.

A situação se agrava ainda mais frente ao cenário de volta às aulas em todo o país, com milhões de crianças se aglomerando em salas de aula e corredores escolares, atividades físicas etc, fator que pode aumentar a disseminação do vírus, colocando em risco a vida de todos e todas.

O governo federal, desde o início da pandemia, tem trabalhado contra a ciência, contra a vacina e contra a saúde da população. Este é mais um triste episódio, com mais um atraso na vacinação, com consequências desastrosas para a resolução dessa crise. Um governo negacionista e genocida que não nos representa”, disse Augusto Cerqueira da direção da APES.