O ANDES-SN realizou no último final de semana, dias 10 e 11 de novembro, o 98º Encontro da Regional Leste, divisão que compreende as seções sindicais de Minas Gerais e Espírito Santo. O evento foi realizado em Ouro Preto (MG), na sede da Associação de Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (Adufop SSind.) e discutiu com as seções sindicais os desafios nacionais, internacionais e locais impostos à categoria docente. A abertura do encontro, na última sexta-feira (10), contou com a presença de Jennifer Webb (Primeira Tesoureira do ANDES-SN), Clarissa Rodrigues (Segunda Vice Presidente da Regional Leste), Joana Amaral (Presidente da Adufop SSind) e Laura Borges (representante do DCE da UFOP).
O professor Leonardo Andrada, da direção da APES, esteve presente ao encontro e informou que, “nos debates sobre conjuntura, foram avaliadas questões globais, como a crise climática e os conflitos bélicos, elementos que impactam diretamente nas questões nacionais. No plano interno, foram lembradas as dificuldades de avançar na mesa nacional de negociação salarial, os aspectos que condicionam essa postura do governo federal, a fisionomia do Congresso Nacional e as recentes ameaças de retomada da tramitação da reforma administrativa. Foram discutidas também questões mais localizadas, como a intenção do governo Zema de adotar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em Minas Gerais.”
Sobre a questão do RRF, os docentes das seções estaduais puderam expor a forma como vêm construindo uma frente estadual para esclarecer a população sobre os impactos que esse regime teria na oferta de serviços públicos e como a classe trabalhadora seria a principal atingida. “A partir da interpretação da forma como estão as relações entre legislativo e executivo, no que se refere a essa proposta, foi apontada a necessidade de um maior envolvimento das seções do setor das federais nessa mobilização, considerando que os efeitos de uma eventual adesão ao regime de recuperação fiscal seriam sentidos por todos os trabalhadores do estado, e não apenas os servidores estaduais.
As dificuldades de negociar a questão da carreira única também foram tema de análises, que apontaram o quanto uma carreira única, constituída de forma objetiva, tornaria os ganhos de professores mais racionais e protegidos das mudanças repentinas no governo federal. Foram mencionadas as dificuldades para avançar no debate dessa temática, com uma equipe do governo federal que tornou regra o teto de gastos e a busca por déficit zero. “Tivemos ainda a discussão sobre a construção de uma universidade antiracista, apontando a profundidade desse tema. As falas mostraram como se deve combater o racismo enraizado na estrutura social, através do aumento da participação de professores negros nos institutos e de referências negras nas ementas”, relatou.
Andrada disse ainda que o encerramento do evento “fez uma justa referência à luta social, exibindo o documentário ‘Lama: O Crime Vale no Brasil’, uma imersão na tragédia de Brumadinho, o rompimento de uma barragem de mineração em janeiro de 2019.”