APES se reúne com professoras e professores do Colégio de Aplicação João XXIII

A direção da APES se reuniu, no início da noite do dia 04 de julho, com docentes do Colégio de Aplicação João XXIII para discutir condições de trabalho e ouvir as demandas e problemas que professoras e professores têm enfrentado no dia a dia da unidade. O professor Leonardo Andrada, da direção da APES, explicou que a iniciativa visava identificar as necessidades mais imediatas e ressaltou que o desgaste normal que acompanha a profissão docente se apresenta ainda maior quando as condições mínimas de trabalho não são respeitadas. Para ele, a precarização das condições de trabalho na educação pública é uma estratégia de sucateamento que visa atacar sua qualidade e dar, à iniciativa privada, a chance de transformar a educação cada vez em uma mercadoria.

A professora Joana Machado, presente à reunião, diretora da APES, mas também mãe de aluno do Colégio, fez um resumo das questões que chegam ao sindicato, vindas de professoras e professores: problemas com relação ao tripé ensino, pesquisa e extensão; trabalho alocado de maneira desigual; deficiência de Técnicos Administrativos em Educação; acúmulo de cargos de gestão às mulheres; assédio moral e sexual; adequação da educação inclusiva; adoecimento de professores e professoras diante do quadro de precarização das condições de trabalho; pressão de pais de alunos, afetados pelo avanço da direita na sociedade, e a necessidade de se repensar a questão da solidariedade entre os docentes.

Educação Especial

Do mesmo modo que relatado na reunião realizada no IF Sudeste MG, a inserção dos estudantes especiais tem gerado uma situação de precarização das condições de trabalho, já que as políticas públicas para a educação especial, que abrangem escolas municipais e estaduais, não têm chegado às federais e há um sentimento de falta de preparo, escassez de recursos humanos e sobrecarga de trabalho, para que estes estudantes possam receber os conteúdos pedagógicos de maneira adaptada às suas condições. Os presentes à reunião ressaltaram a importância e o total apoio à inserção dos estudantes especiais, no entanto, o número de matrículas tem aumentado, especialmente nos últimos dois anos, sem que haja uma maior preparação do Colégio para a correta absorção desses alunos.

E enquanto cresce o número de alunos que demandam por atenção especial, estudantes da graduação têm sido usados como bolsistas, sem que isso se configure como uma situação ideal, ao mesmo tempo em que o Ministério Público tem questionado o Colégio a respeito da reserva de vagas para a educação especial.

Tripé Ensino, Pesquisa e Extensão

Professoras e professores afirmaram também que, embora se sintam pertencentes à UFJF, se veem em uma situação diferenciada, em que a sala de aula parece ser a atividade única no C.A., impossibilitando a realização de trabalhos de extensão e pesquisa, devido à sobrecarga de trabalho na área do ensino. Tudo isso diante do alto índice de adoecimento docente, o que gera uma situação de sobrecarga, já que, devido às especificidades do ensino do colégio, não se pode cancelar aulas, com docentes se esforçando para substituir os colegas.

Além disso, os presentes reclamaram também do excesso de reuniões, o que traz dificuldades até mesmo para fazer caber, nos relatórios, a quantidade de atividades que fechem em 40 horas semanais. Segundo eles, a situação de precarização acaba por criar uma situação de animosidade e disputa entre docentes, o que acaba por dificultar a resolução de problemas.

 Encaminhamentos

Diante do debate e relatos da reunião, a APES colheu encaminhamentos que possam ajudar a combater a atual situação, entre eles, a luta dentro do CONSU pela abertura de vagas docentes no Colégio de Aplicação, expondo a situação de dificuldades porque passa a unidade; realizar campanhas de divulgação dos problemas por que passam professoras e professores, frente a suas condições de trabalho, pelo respeito ao limite do regime de 40 horas semanais; colocar em pauta da próxima assembleia  a aprovação de uma mobilização docente, com possibilidade de paralisação de um dia das atividades; realizar gestões frente às  pró reitorias para que os editais de pesquisa e extensão possam contemplar o calendário letivo do Colégio; criar um documento com as pautas debatidas na reunião, e levar ao debate nacional, ANDES-SN e MEC, o aumento no número de Colégios de Aplicação, o aumento do número de estudantes especiais e a necessidade de preparação dessas unidades para enfrentar o desafio.