Arte, política e protestos marcaram o dia 20 de novembro em Juiz de Fora

Nem mesmo as dificuldades encontradas na Câmara Municipal tiraram o brilho da festa política que marcou o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, no centro de Juiz de Fora, com muitas apresentações artísticas e falas protestando contra o racismo diário e estrutural, na cidade e no país.

Pouco antes de dar início ao cortejo que desceria a rua Halfeld, no centro da cidade, os manifestantes ocuparam o plenário da Câmara para acompanhar a votação de dois projetos, o primeiro, PL 207/2022, proposto pela vereadora Cida do PT, institui o feriado municipal no dia 20 de novembro, o segundo, PL 151/22, proposto pela vereadora Laiz Perrut, institui o Estatuto Municipal da Promoção e Igualdade Étnico-Racial.

Em ambos os momentos, quando foi aberto o regime de votação, o vereador Melo Casal, de maneira provocativa, pediu a palavra antes da fala das proponentes e, em seguida, pediu vistas aos projetos, adiando a discussão.

Após o momento tenso dentro da Câmara, com protestos dos movimentos sociais, a concentração se formou do lado de fora com a apresentação de vários grupos de capoeira da cidade, seguidos pela bateria das Charmosas do Tamborim e do grupo Muvuka. Com a apresentação da bateria do Paticumbum, deu-se o início do cortejo, que desceu a Rua Halfeld. 

Ao final, as falas ressaltaram a necessidade de que se mantenha a pressão para que ambos os projetos sejam aprovados e que a luta antirracista em Juiz de Fora se intensifique com a união dos movimentos sociais em torno da pauta.

  “Para quem esteve na sessão de ontem na Câmara de Vereadores de JF e seguiu no ato pela consciência negra, fica uma síntese do tamanho dos desafios, mas também das possibilidades da luta antirracista, da luta por direitos, memória e reparação. Na câmara, um combo dolorido (mas não surpreendente) de racismo institucional e de violência política de gênero, ou seja, de práticas que se nutrem do ódio e que infelizmente são ainda bastante representativas da nossa sociedade. Nas ruas, a potência da arte e da cultura ecoando não apenas dores, mas saberes ancestrais, que nos emocionam e nos ensinam sobre como resistir a tanta e insistente força bruta. Um dia que avança, no que trouxe de pior e de melhor, na conscientização sobre a tarefa urgente de todas, todos e todes assumirem a responsabilidade coletiva pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, disse Joana Machado, da direção da APES.