Na plenária da tarde desta terça-feira (17), sobre políticas sociais, o 31º Congresso do ANDES-SN aprovou a proposta apresentada pela ADUFF sobre a questão urbana e o direito à cidade. Fruto do seminário preparatório realizado ADUFF, em dezembro, a proposta foi aprovada por imensa maioria, com algumas modificações.
A resolução indica que o ANDES-SN “integre as iniciativas críticas criadas pelos movimentos sociais vinculados aos mega-eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, e proponha espaços de discussão e intervenção pertinentes ao tema, atue junto aos movimentos sociais contra o processo de remoção e violação dos direitos humanos em curso nas cidades que vão receber os mega-eventos, intensifique e apóie as ações realizadas pelos movimentos sociais voltadas à Reforma Urbana e contrárias ao processo em curso de legitimação da cidade-empresa, que reforça a segregação espacial, social e econômica da classe trabalhadora, intensifique a denúncia de mecanismos de segregação sócio-espacial, a exemplo das UPP no Rio de Janeiro, como estratégia de limpeza étnico-social, com destaque para a ação de coibir as reações populares contra as expropriaçõ es de direitos, promovidas com a finalidade de especulação imobiliária e para assegurar a realização dos mega-eventos”.
Segundo a professora Eblin Farage, 1ª secretária da ADUFF, “os mega-eventos não são localizados, vão atingir o país inteiro, e eles representam um processo em curso de reformulação da cidade que continua privilegiando o capital e os interesses privados em detrimento dos interesses e do bem-estar da maior parte da população”.
Eblin afirma que “as intervenções urbanas na preparação das cidades para receber esses mega-eventos vão se basear num processo de acirramento da segregação sócio-espacial tendo como pilares: a intensificação da abertura ao capital, o aumento da especulação imobiliária, a expulsão de moradores pobres das áreas centrais das cidades de forma violenta e arbitrária, e a intensificação de repressão aos movimentos sociais e da criminalização da pobreza como estratégica de ‘limpeza’ étnico-social” acrescenta. “Diante desse quadro, o Sindicato Nacional deve se posicionar e impulsionar o debate na categoria, amadurecendo as reflexões sobre o direito à cidade e sobre as distintas formas utilizadas pelo capitalismo contemporâneo de organizar o espaço urbano cada vez mais segregado e desigual”, defende.