Assembleia Docente: diálogos possíveis para o fortalecimento da categoria.
A história da classe trabalhadora estará sempre vinculada às suas lutas e conquistas que não cessam, mas se transformam, se renovam e se ajustam às demandas sociais e econômicas. Mas e o Movimento Docente? Qual é a nossa força e quais são as dificuldades que enfrentamos? Em que condições lutamos e para que lutamos?
Temos atestado, historicamente, diversas conquistas do movimento docente, fruto da organização da categoria e dos movimentos sindicais, mas testemunhamos também a imposição de inúmeras perdas e a consequente degradação das nossas condições de trabalho e salário. Não se trata, no entanto, de um processo que atinja a todos por igual. Ao contrário. Os professores e as professoras nas Universidades Públicas e dos Institutos Federais vivem situações diversas o que, além de outros fatores, tem decretado a divisão da nossa categoria e dispersado o movimento docente.
As desigualdades estão na carreira, mas também se evidenciam em condições diferenciadas nos diversos campus espalhados no nosso país. Conquistas importantes, como o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) para a Carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), o Professor Titular na carreira do Magistério Superior e na carreira EBTT, a equiparação salarial nas duas carreiras, bem como a expansão das Universidades através do Reuni e a criação dos Institutos Federais, ressaltam diferenças enormes na percepção dos problemas que atingem a carreira docente. De todo modo, não podemos ignorar, que a situação concernente à maioria dos professores e das professoras é de uma remuneração desvalorizada, condições de trabalho inadequadas e desprestígio junto ao governo federal, à imprensa e segmentos da sociedade. Para além dessas diferenças internas, portanto, afirmamos, nossa luta, professores e professoras, é única e urgente e se constrói democraticamente e no coletivo.
Muito se tem afirmado sobre a importância da internet e das redes sociais para a mobilização dos diversos seguimentos sociais. É inegável que o avanço tecnológico possibilitou o encurtamento e a rapidez nos processos de comunicação. Faz-se necessário, portanto, referendar a importância desse avanço, mas levantar limites desses meios na construção efetiva do movimento docente.
A APES, sindicato que representa os professores e as professoras da UFJF e IF Sudeste MG, vem reafirmar seu compromisso em estabelecer o diálogo com a base e unificar a luta da nossa categoria. E a nossa luta, sinceramente, não se faz à distância, tampouco com indiferença. É na participação e construção coletiva que nos fortalecemos. Nas Assembleias Docentes se expõe o contraditório e o diálogo e, sim, os nossos desentendimentos e enfrentamentos. Mas são nesses espaços democráticos que são estabelecidas as bases para a concretização da nossa luta e o consequente fortalecimento da nossa categoria.
Nosso estatuto prevê, nas Assembleias, o quórum de 3% dos docentes para deliberar sobre as diversas situações dos professores e das professoras da UFJF e do IF Sudeste MG. Cumprido esse quórum, por maioria simples, decidimos os caminhos e enfrentamentos dos/das docentes. Gostaríamos de motivá-lo/a, professor e professora, a participar da construção do nosso movimento, da reivindicação dos nossos direitos e da luta para ampliação dos mesmos, na defesa intransigente da nossa Universidade pública, gratuita, laica e democrática e do Instituto Federal. Para além do que prevê nosso Estatuto, nosso fortalecimento se constrói no diálogo e participação ativa da nossa categoria, no reconhecimento das nossas instâncias democráticas, da nossa identidade e da justeza das nossas reivindicações. Esse é, de fato, nosso único caminho para intervir, manter e ampliar nossas conquistas.