Diversas categorias de SPF entram em greve hoje

Técnico-administrativos da UFJF estão entre elas

Nesta quarta, 23 de março, servidoras e servidores públicos federais de diversas categorias iniciam a greve por tempo indeterminado para exigir que o governo abra negociações de reajuste salarial. O movimento faz parte de uma ação conjunta dos Fóruns que representam trabalhadores e trabalhadoras do setor público, o Fonasefe e o Fonacate, e tem respaldo no ultimato que foi dado ao governo federal no dia 16 de março para que as negociações fossem iniciadas. 

Um setor de grande impacto que paralisa hoje é o de  trabalhadores e trabalhadoras do Seguro Social (INSS) e Seguridade Social (carreira da Previdência, Saúde e Trabalho – CPST. 

Técnico-adminstrativos em educação de diversas instituições federais também entram em greve a partir de hoje, segundo orientação da Fasubra. É o caso de servidores/as da UFJF, que aprovaram a greve em assembleia no dia 17 de março. Nesta manhã, o Sintufejuf realizou uma reunião virtual para instalação do comando local de greve e organização dos serviços essenciais. A reunião contou com quase 200 servidores/as, o dobro de participantes na assembleia de deflagração da greve. A deliberação unânime é ir para Brasília em greve e fazer assembleia de avaliação na semana do dia 4 de abril.

Segundo o coordenador geral do Sintufejuf, Flávio Sereno, o sindicato cumpriu toda a agenda nacional deliberada até chegar à deflagração da greve. “Nós sabemos das dificuldades da unificação do movimento grevista em todas as categorias, mas entendemos que é fundamental essa mobilização e que a greve aconteça, para que a gente possa, realmente, pressionar o governo a abrir negociações. Estamos acompanhando atentamente as articulações dentro dos fóruns nacionais, a reunião de ontem em que o governo enfim recebeu para uma primeira conversa as entidades. Estamos na expectativa de uma grande mobilização em Brasília na semana que vem e a gente vai participar; e também da próxima reunião com o governo, agendada para o dia primeiro. A gente entende que a mobilização em Brasília, semana que vem, vai servir para energizar as mesas de negociação, balançar um pouco as estruturas para que o movimento consiga realmente impor ao governo que apresente contraproposta às nossas pautas.”

Flávio também comentou a respeito da denúncia envolvendo o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, que teve áudios vazados comprovando o favorecimento de pastores próximos à Bolsonaro na distribuição de verbas da pasta. Para Sereno, “com o escândalo envolvendo o Ministério da Educação, acho que fica, mais uma vez, nítida que a prioridade do governo não é desenvolver políticas públicas na área, mas usar de “lobbies” pessoais, favorecimento de aliados e interesses privados e acho que essa denúncia dá mais gás e energia ao movimento, porque a gente vai cobrar qual é a prioridade do governo, se é distribuir recursos que deveriam ir realmente para as instituições de educação, com critérios republicanos, definidos na legislação, valorizando os trabalhadores da educação, valorizando as instituições de ensino, ou se eles vão continuar distribuindo dinheiro apenas para os amigos, aliados através de meios ilegais, como demonstrado aí na denúncia do Ministério da Educação.”

Docentes

Em assembleia da APES realizada no dia 23 de fevereiro, docentes da  UFJF e do IF Sudeste MG aprovaram a adesão à agenda dos Servidores Públicos Nacionais com participação nas atividades de mobilização nacionais e locais e formação de comitê local de mobilização junto com outras categorias dos SPF. Entretanto, a APES não convocou paralisação nem colocou em votação o indicativo de greve localmente até o momento, pois as duas instituições nas quais a entidade tem representação estão em período de recesso de aulas.

Em reunião do Setor das Federais realizada nesta segunda, 21 de março, seções sindicais do ANDES-SN decidiram manter as mobilizações e o processo de construção da greve unificada dos Servidores Públicos Federais a partir da agenda do FONASEFE. A luta dos SPF é pela recomposição salarial, pelo arquivamento da PEC 32 e pela revogação da Emenda Constitucional 95. Com a deliberação, as seções sindicais manterão o estado de greve e realizarão assembleias permanentes. A indicação de próxima rodada de assembleias será entre os dias 11 e 14 de abril.

Pauta Nacional

Sem reajuste desde 2017, as trabalhadoras e trabalhadores do serviço público federal acumulam uma defasagem nos salários de, pelo menos, 49,28%. Neste momento, as entidades reivindicam a recomposição de 19,99%, índice correspondente apenas às perdas inflacionárias relacionadas ao período do atual governo. A categoria cobra ainda a revogação da Emenda Constitucional 95 (teto de gastos), a revogação do Decreto 10.620 (que transfere as aposentadorias e pensões dos servidores vinculados às autarquias e às fundações públicas para o INSS) e a derrubada da Proposta de Emenda à Constituição 32 (Reforma Administrativa).