Nesta segunda-feira, 20 de março, docentes participaram do Aulão “Revogar o Novo Ensino Médio para construir uma nova escola”, organizado pelo DCE-UFJF no Colégio de Aplicação João XXIII. As professoras Carolina Bezerra (João XXIII), Lorene Figueiredo (Fac. Educação), Rafaela Reis (Fac. Educação), o professor José Guilherme (Fac. Química), e a deputada federal eleita Ana Pimentel, falaram aos e às estudantes do colégio, tratando dos aspectos negativos do NEM e chamando para a mobilização.
O representante do DCE, Maurício de Souza, abriu a atividade, reafirmando o compromisso da entidade em realizar mais ações de debate e de luta contra o novo ensino médio nas escolas da cidade.
Em seguida, a deputada Ana Pimentel se colocou à disposição em atuar no Congresso pela revogação da medida, compartilhando com os e as presentes a preocupação sobre os prejuízos que a reforma traz para a educação pública e para a juventude.
Carolina Bezerra enfatizou que o novo ensino médio, ao promover o aprofundamento das desigualdades entre as escolas públicas e privadas, serve a um sistema educacional brasileiro historicamente constituído como dual: uma educação para a classe trabalhadora e uma para as elites. Nesse sentido, Carolina defendeu a substituição deste modelo por um ensino médio voltado para o desenvolvimento de habilidades que possibilitem que os jovens atuem como e onde quiserem; E que, neste sentido, se configure, inclusive, mas não exclusivamente, como forma de acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho.
No mesmo tom defendido por Carolina, a professora Rafaela Reis mencionou a importância de se pensar para além da revogação, na busca de uma construção de uma nova escola. Rafaela enfatizou que este tipo de reforma imposta no governo Temer está atrelada a interesses de atores do mercado financeiro – como o empresário Jorge Lemann – que financiam reformas educacionais (como a BNCC e o NEM) no intuito de implementar um projeto de educação voltado para os interesses privados e cujo mote é o empreendedorismo. É contra este tipo de projeto educacional, representado pelo NEM, que as comunidades escolares precisam estar atentas e mobilizadas.
José Guilherme chamou a atenção para o fato de que a reforma do ensino médio foi apresentada no governo de Michel Temer apenas 22 dias após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Assim, ao contrário da BNCC, sobre a qual se debruçaram membros da sociedade civil e das sociedades profissionais, o novo ensino médio foi apresentado como um documento pronto e acabado, imposto de cima para baixo, sem debate com os principais envolvidos. José Guilherme também chamou a atenção para a falácia propagada pelos defensores do NEM como uma “escola das escolhas”. Isso porque as escolas públicas não têm condições de oferecer os itinerários formativos previstos na reforma, por falta de estrutura. Além disso, a formação de professores também está em cheque, na medida que o novo modelo exige o domínio de temas distantes da área de formação original docente.
Por fim, a professora e candidata ao governo de MG, Lorene Figueiredo, chamou a atenção dos e das estudantes para os perigos que a destruição da educação e, com ela, das capacidades de reflexão e crítica da juventude, representam na política brasileira, como foi com a eleição de Bolsonaro. Lorene listou alguns fatos preocupantes na política educacional, que ameaçam a produção de conhecimento no país atualmente, como a falta de recurso na universidade pública, responsável por 95% da pesquisa produzida no país; a possibilidade de que 20% da carga horária em cursos presenciais regulares das IES possam ser feitos na modalidade EAD; número que chega a 80% no caso da EJA. Lorene, assim como os demais presentes na mesa, reforçou que a mobilização dos e das estudantes é decisiva para derrubar o novo ensino médio e lutar pela educação pública, gratuita e de qualidade.