O ex-presidente e ditador Ernesto Geisel (1974-1979) estava ciente e autorizou execuções de opositores que fossem considerados “perigosos subversivos”, segundo um documento liberado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). O documento data 11 de abril de 1974, primeiro ano do mandato, e afirma que as repressões àqueles que contestassem o governo vigente deveriam continuar. Isso é contrário às afirmações de que Geisel não tinha total conhecimento das decisões tomadas pelo Exército e que era um momento de ele uma abertura política, como ele mesmo disse, “no contexto de um processo lento, gradual e seguro”.
Em entrevista ao ANDES, o professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e um dos coordenadores da Comissão da Verdade do ANDES, Milton Pinheiro disse que pesquisadores do assunto já acreditavam na conivência do governo como crimes cometidos pelos militares, pois “Ainda que os meios de comunicação tenham agido para desinformar os brasileiros sobre os crimes da ditadura empresarial-militar, quem pesquisa o tema já tinha a ideia de que a cúpula do regime tinha conhecimento e inclusive ordenava a tortura e execução de militantes opositores à ditadura. Isso, no entanto, nunca tinha sido público. Foi necessário que a CIA liberasse os documentos para confirmar a anuência dos líderes da ditadura com os crimes cometidos”.
Esse texto liberado pelo governo dos EUA é um memorando que faz parte de uma série de documentos que mostra parte da relação dos norte-americanos com a América do Sul entre 1973-1976. Depois de receber uma carta do Instituto Vladmir Herzog, o Ministério das Relações Exteriores decidiu pedir ao governo dos Estados Unidos acesso a outros documentos que a CIA possa ter a respeito da ditadura militar.
Matéria completa do ANDES.
O documento em inglês completo pode ser lido aqui.