Luta em defesa da educação toma as ruas de Juiz de Fora

Ato organizado pelas entidades da UFJF marcou o dia nacional contra o bloqueio do orçamento da educação

O ato, organizado pela APES, Sintufejuf, DCE e APG, teve início no final da tarde de terça-feira, dia 18 de outubro de 2022, no campus da UFJF. Em Governador Valadares, a concentração aconteceu na Praça do Emigrante, também às 17h. A manifestação contou com a presença de entidades representativas, trabalhadores e trabalhadoras, sindicatos, estudantes e movimentos sociais que se concentraram na Universidade e, após o momento de falas que aconteceram na Ágora da instituição, caminharam até o Parque Halfeld, passando pela Avenida Itamar Franco, Bairro Dom Bosco e Rua Olegário Maciel. 

O professor Leonardo Andrada, presidente da Apes, disse que a razão de estarem todos no ato é “não aceitar o estrangulamento das instituições que buscam oferecer educação pública de qualidade, socialmente referenciada, gratuita, para a classe trabalhadora. Percebam que esse movimento ainda é possível, porque cada um que está aqui ainda tira uma pequena parte do seu dia, para garantir que isso aconteça. As entidades organizadas garantem que movimentos como esse aconteçam. Problemas coletivos não serão solucionados individualmente. Nós estamos nessa luta, pois sabemos que a sociedade não funciona a partir de uma lógica de átomos individualizados. Sabemos que a única maneira de buscar um caminho de superação na tragédia que vivemos é através da organização e da coletividade. Estamos demonstrando que os últimos quatro anos foram destrutivos, de sucateamento do serviço público, de massacre da classe trabalhadora. E agora nós vamos demonstrar que não estivemos em silêncio nos últimos anos, nós fomos nos preparando para dar uma resposta à destruição”.

Jordana Mello, estudante e participante da atual gestão do DCE, afirmou que é preciso honrar todos os locais que os estudantes ocupam dentro da universidade, fazendo com que esse ambiente seja realmente de permanência estudantil, feito pelo e para os estudantes. “Estamos aqui hoje para relembrar todo esse desmonte de educação pelo qual estamos passando. A luta está sendo feita todos os dias nas ruas. As entidades que estão aqui hoje, organizaram esse ato junto com a mobilização estudantil, representações de luta, comitês populares, movimentos sociais, porque a luta é todo dia e a educação é a melhor forma de mudança social dentro do Brasil”. 

Já Flávio Sereno, coordenador-geral do Sintufejuf fez um resgate histórico de importantes contribuições das universidades públicas para a sociedade brasileira: “Dentro das universidades públicas aconteceram as maiores derrotas desse governo, nós derrotamos o ‘Future-se’ em 2019, enfrentamos, dentro da universidade pública, a pandemia com ciência, com vacina, com pesquisa, com extensão. Em 2021, junto com os demais segmentos do serviço público e sindicatos, derrotamos a proposta de reforma administrativa. E hoje nós estamos aqui para dizer que os dias deste governo estão contados, essa política nefasta está acabando. Nós vamos viver um novo tempo nesse país e voltar a fazer discussões importantes.” 

Matheus Botelho, da APG, afirmou que “é hora de respeitar a nossa educação, ciência e tecnologia. Gostaria de saudar o nosso movimento de hoje e a luta não apenas de hoje, mas de uma vida inteira. Estamos aqui em defesa da democracia, da recomposição do orçamento e contra o orçamento secreto.” 

O protesto teve a participação do reitor Marcus David que disse: “Eu gostaria de dizer que o que está ocorrendo aqui nesta noite é muito importante para a nossa instituição. As nossas universidades federais nunca foram tão ameaçadas como estão sendo neste momento. Os cortes orçamentários que estamos sofrendo é uma grande ameaça, mas não é a pior ameaça que estamos sofrendo. O grande risco das universidades é terem a sua legitimidade questionada, quando os governantes demonstram sistematicamente não compreender a importância de uma rede de universidades públicas para garantir o desenvolvimento social e econômico do Brasil. As instituições universitárias públicas estão precisando se defender constantemente de ataques feitos por pessoas que não compreendem o valor e a importância da educação pública e da ciência e tecnologia. O ato realizado hoje pelas entidades representativas é um grito em prol da sobrevivência das instituições. Então, a universidade tem um grande agradecimento a todas e todos que estão presentes aqui hoje.”

Mais de 70 cidades tiveram atos contra os cortes no orçamento da educação, feitos pelo Governo Federal.