Centro de Juiz de Fora teve Marcha da Visibilidade Trans no sábado

No sábado, 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, o calçadão da Rua Halfeld foi tomado pela primeira Marcha da Visibilidade Trans de Juiz de Fora. “A antiga rua direita, que  era proibida de ser frequentada por pretas, pretos, travestis e gays, onde somente a elite juizforana branca podia transitar, é onde a gente subverte o esquema, ocupando o calçadão para dizer que existimos e resistimos”, disse Dandara Felícia, transativista preta, fundadora da Associação de Travestis, Transgeneres e Transexuais de Juiz de Fora (Astra-JF), uma das organizadoras da marcha.

A marcha contou com a adesão de mulheres trans, homens trans e representantes de entidades que apoiam a luta pela visibilidade. Dandara ressalta a importância da luta, porque, segundo ela, o Brasil é o  país que mais mata pessoas trans, travestis, no mundo. “Então a visibilidade que temos é aquela restrita às esquinas, à prostituição, à noite, aos shows e espetáculos. Não como sujeitas passíveis  de pertencimento e construção de conhecimento. Tanto que somos poucas na academia. Não porque não queremos, mas porque a sociedade nos expulsa dos espaços desde a mais tenra infância. Cerca de 82% da população trans deixa a escola antes do terceiro ano do ensino médio”, relata.

A ASTRA-JF  foi criada no final de setembro de 2021 como forma de  auto-organização das pessoas travestis e prostitutas que, com o fechamento do comércio pela pandemia, ficaram sem seu principal sustento. Desde então, a entidade tem organizado a luta trans na cidade. A marcha contou com o apoio da APES que ajudou na doação de máscaras de proteção contra a Covid.

“Em um momento em que temos um governo inimigo dos trabalhadores e contrário a políticas compensatórias, que busquem o combate ao preconceito de todas as matizes, é preciso apoiar sempre a luta trans, como uma luta de toda a sociedade”, disse Augusto Cerqueira da direção da APES.

Fotos – Estela Loth