Mesa “Temos Futuro?” visita ao campus Santos Dumont do IF Sudeste MG dão início à resistência de Docentes, Técnicos Administrativos e Estudantes contra os ataques do Governo.

Como primeira atividade conjunta de abertura do semestre, APES, DCE e Sintufejuf realizaram a mesa “Temos Futuro?” na quinta-feira, 8 de agosto, na UFJF, no IF Sudeste MG campus Juiz de Fora e no campus da UFJF em Governador Valadares.

O objetivo da atividade é iniciar o diálogo com o Docentes, Técnicos Administrativos em Educação e Estudantes para construir ações contra o Future-se e em defesa das instituições públicas de educação. O programa ministerial, que pretende mudar radicalmente a forma de financiamento e gestão das instituições federais de ensino, foi apresentado a reitores e reitoras no mês de julho.

A APES esteve ainda em Santos Dumont para uma conversa no campus do IF Sudeste MG.

APES, DCE e Sintufejuf na UFJF

Future-se ou frature-se?

Na primeira mesa do dia, Flávio Sereno, coordenador do Sintufejuf, ressaltou como o projeto Future-se é apresentado como uma solução privada em um processo mais geral de ataque à autonomia e de asfixia financeira das instituições. Assim, o projeto aparece em um contexto marcado por medidas, como “o fim das funções gratificadas de chefia, a mudança nas regras de concurso público, inviabilizando sua realização por algum tempo, e termina com os cortes orçamentários”. Flávio ressaltou também que o método de construção do Future-se ignorou a participação de todos atores diretamente envolvidos – entidades, instituições, fundações, profissionais da área – , abrindo o projeto para uma consulta pública em pleno recesso das instituições, e que sequer tem a opção “técnico-administrativo em educação” para que estes se identifiquem na consulta. Flávio ressalta que o Future-se se configura como um projeto de desresponsabilização do financiamento público da educação e nega a existência da internacionalização e da captação de recursos privados que já existem nas instituições.

DCE

Já Ramon Almeida, representante do DCE, ressaltou que a nomeação do atual ministro da educação demonstra a subordinação da pasta ao interesse do empresariado. Ramon ressaltou também que o documento disponibilizado para consulta pública pelo MEC não corresponde ao texto que será apresentado como Projeto de Lei. “A gente acredita que o texto que será entregue será com muito mais ataques. Essa consulta pública é uma grande falácia para acenar que há um debate democrático.” Além disso, a consulta exige identificação, que poderá ser usada como mapeamento e controle como estratégia. Por fim, Ramon ressaltou que a entrada das Organizações Sociais na gestão das instituições tornará reitores e pró-reitores funções figurativas, e colocará em risco a dedicação exclusiva e a contratação por concurso público dos profissionais da educação.

APES

A presidente da APES, Marina Barbosa, ressaltou que, ao retirar das instituições sua autonomia de gestão, o programa Future-se afeta diretamente o modelo de produção de conhecimento que é feito hoje nas universidades e institutos. “A troca de conceito é uma troca de projeto.” Com o financiamento privado da educação federal, o governo busca destruir um modelo de aprendizado que “resgata uma construção histórica da humanidade sobre conhecimento; quebra o etos e o papel de formação das universidades, com ensino, pesquisa e extensão imbricados; e inverte a lógica entre o chão de fábrica e as instituições de ensino na produção da inovação”. A professora ressalta ainda que o projeto substitui o papel do professor na produção de conhecimento pela figura do professor empreendedor, e mina a produção coletiva de conhecimento estimulando uma concorrência individual na captação de recursos.

APES, DCE e Sintufejuf no IF Sudeste MG campus Juiz de Fora

Reação

Os representantes reforçaram que a próxima atividade conjunta das entidades será no dia 13 de agosto, na Greve Nacional da Educação, com ato unificado às 17h no Parque Halfeld. Será um momento crucial para ir às ruas dialogar com a população e expressar a insatisfação da sociedade com a política educacional implementada pelo governo.

Em Governador Valadares

A mesa “Temos Futuro?” visitou, também na quinta feira, o Campus Avançado da UFJF de Governador Valadares. As falas procuraram conscientizar sobre a gravidade dos ataques do Governo contra a educação e os perigos contidos dentro do programa Future-se.
O representante da APES, Augusto Cerqueira, fez um chamado para a mobilização: “A base estruturante do Future-se, de busca de recursos privados pelas Instituições de Ensino Públicas, é fundamentalmente contrária a noção do serviço público em um estado democrático. É preciso mobilização nesse momento de mais grave ataque as IFES. Nesse sentido, estamos direcionando nossas forças para realizar grande mobilização no dia 13.”
A Técnica Administrativa em Educação, Maria Angela Costa, do Sintujejufe, destacou que “a Ebserh é um exemplo para todos que não há solução possível quando se passa a gestão dos recursos públicos para entidades privadas. Precisamos da união dos três segmentos para dialogar com os colegas e a população para barrar essa proposta.”
O representante do DCE, Carlos Campos afirmou que “a UFJF em Governador Valadares é um exemplo de como é problemática a interação entre público e privado. Nós somos o exemplo de que a educação pública incomoda a rede privada. Para além disso, o Future-se não trata em nenhum momento do tripé da universidade, Ensino, Pesquisa e Extensão, e da questão do acesso e permanência dos estudantes nas Instituições, o que é extremamente preocupante.”

A mesa “Temos Futuro?” em Governador Valadares

No IF Sudeste, Campus JF e Santos Dumont
Na quinta feira à tarde, o evento “Temos Futuro” realizou o debate no IF Sudeste MG, mas ainda na quarta feira pela manhã, a professora Marina Barbosa, Presidente da APES, esteve no Campus Santos Dumont do IF Sudeste MG para uma conversa sobre a defesa da educação, a atuação do Sindicato Nacional, as estratégias de luta pelos direitos e a atuação da APES.
Professores e professoras puderam se sindicalizar, tirar dúvidas e dar sugestões para a mobilização frente aos ataques que o governo desfere contra a educação.

APES esteve no campus Santos Dumont do IF Sudeste MG