O V Encontro Nacional sobre Saúde do Trabalhador do ANDES-SN, reuniu mais de 90 participantes e 29 Seções Sindicais entre os dias 27 e 29 de setembro, na Universidade Federal do Ceará (UFC).No dia 27 de setembro o professor Oswaldo gradella Jr. da UNESP proferiu uma palestra sobre políticas institucionais produtivistas e saúde docente, levando os presentes a refletir sobre o nível de controle exercido sobre professores e professoras pelo modelo produtivista, no qual todas atividades docentes passam a ser monitoradas até mesmo no formato on line, como é o caso daqueles que têm projetos inscritos na CAPES/CNPQ, o que tem levado à perda da autonomia enquanto docentes.
“A centralidade que o trabalho tem nas nossas vidas docente provoca doenças, gera sofrimento, Síndrome de Barnaut, que é o distanciamento afetivo das pessoas, perda de energia etc… Há uma permanente sensação de estar em falta com as pessoas que amamos, que cuidamos e até mesmo com nosso próprio corpo e com a nossa saúde. A meu ver parece que o saber que tanto perseguimos enquanto professores/pesquisadores perdeu o sentido e o que passa valer é a produtividade”, explica a professora Zuleyce Lessa, 1ª secretária da APESJF, que esteve presente ao encontro.
“Intensa carga de trabalho deixa marcas no corpo de professores e professoras”
Já no dia 28 foi a vez da discussão do tema “Combate à precarização das condições de trabalho que gera insalubridade e periculosidade”. O Prof. Luiz Henrique Schuch abordou a forma como as Leis trabalhistas subjulgam o trabalho, uma vez que a insalubridade não é um benefício e sim um Direito resguardado na Constituição Federal. “O risco é inerente e isso não deve ser monitorizado, o governo deve sim preocupar-se em melhorar as condições de trabalho”, argumenta Zuleyce.
“A nossa intensa sobrecarga de trabalho vai deixando marcas em nosso corpo, que tem um certo grau de suportabilidade. O limite de tolerância é demarcado pela vida laboral. Neste sentido, não podemos deixar de levar em conta que muitos dos professores aposentados adoecem e não existe uma investigação sobe as causas que levaram a isto, se existisse provavelmente encontraríamos que a interferência da sobrecarga de trabalho, em seu tempo como ativo, foi a principal causa do adoecimento”, afirma.
Transtornos psicossomáticos e assédio moral
No evento, a Profª Rachel Rigotto da UFC falou sobre a questão da Violência Simbólica vivenciada pelos docentes. Ela comparou os docentes a correias de transmissão de conhecimento onde num contexto de opressão e de uma forte cegueira, nas quais muitos professores passam a sofrer Assédio Moral, transtornos psicossomáticos, síndromes de estresse, etc. “É preciso que resgatemos o próprio sentido do nosso trabalho, aquilo que nos dá prazer e satisfação. Um trabalho que é ainda socialmente reconhecido e valorizado. Segundo a professora temos que desocultar a arbitrariedade da opressão para fortalecermos a resistência”.
Frente às questões propostas no encontro e à necessidade urgente de discutir a APESJF está convidando os membros do Grupo de Trabalho de Seguridade Social e demais professores interessados para uma reunião no dia 10 de outubro às 17 horas na sede do sindicato a fim de discutir sobe os encaminhamentos que foram propostos no V Encontro Nacional sobre Saúde do Trabalhador do ANDES-SN e a estratégia de ação do sindicato
Produtivismo resulta em adoecimento
O evento apontou formas de enfrentamento do produtivismo e as condições de intensificação e precarização do trabalho impostas aos docentes que resultam em adoecimento; que as Seções Sindicais busquem constituir, junto à representação sindical dos técnico-administrativos e estudantes, fóruns de saúde do trabalhador nas Instituições de Ensino Superior (IES) para aprofundar e elaborar estratégias de lutas conjuntas no campo da saúde; pautar nos encontros de assuntos de aposentadoria do Sindicato Nacional questões de adoecimento docente após a aposentadoria por doenças decorrentes do trabalho; além de discutir, no âmbito do GT, como tratar na universidade o encaminhamento de denúncias sobre casos de violência e assédio moral.
O evento ainda contou com a mesa que discutiu sobre a privatização do espaço público e a EBSERH, nela seus debatedores enfatizaram que a EBSERH é um mecanismo de ampliação de heteronomia nas universidades, uma vez que os docentes vão estar submetidos, cada vez mais, ao capital, a uma camisa de força, engessada, controladora, visando somente o lucro em detrimento do bem estar dos trabalhadores, de suas condições de trabalho e da discussão de um Modelo Assistencial Humanístico que atenda a real necessidade de atenção e promoção de conforto da população, prevalecendo o modelo hospitalocêntrico e privatista. Segundo a prof. Cláudia March da ADUFF temos que fazer uma batalha jurídica e colocar a massa na luta, temos que nos articular. A última mesa do dia foi sobe as perdas de direitos na aposentadoria onde foi realizado um amplo debate sobe os motivos de se dizer não ao FUNPRESP, ficando claro que o docente, segundo a prof. Sara Granemann da UFRJ, terá apenas 65,71% do seu salário quando se aposentar e que a recomposição do seu salário integral quando da ativa dependerá do rendimento dos investimentos feitos pelo Fundo no mercado. O Fundo atuará no mercado financeiro com verba pública e com o nosso dinheiro, além de representar a malfadada Reforma da Previdência, iniciada por FHC dando sequencia no governo Lula e aprofundada ainda mais no atual governo Dilma que veem retirando direitos e avançando na privatização.
APESJF convoca GTSS
Frente às questões propostas no encontro e à necessidade urgente de discutir a APESJF está convidando os membros do Grupo de Trabalho de Seguridade Social e demais professores interessados para uma reunião no dia 10 de outubro às 17 horas na sede do sindicato a fim de discutir sobe os encaminhamentos que foram propostos no V Encontro Nacional sobre Saúde do Trabalhador do ANDES-SN e a estratégia de ação do sindicato